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Resistência e cultura: conheça os povos indígenas que vivem no Agreste de Pernambuco

Os povos indígenas habitaram a região de Pernambuco por milhares de anos antes da chegada dos europeus. Os registros históricos indicam a presença de diversos grupos, tais como os Potiguaras, os Caetés, os Xukurus, os Pankararus, os Trukás e os Kapinawás, dentre outros.

No período colonial, os povos indígenas foram explorados e escravizados pelos portugueses, sendo submetidos a um processo de aculturação e violência que resultou na redução de suas populações e na perda de suas terras. Ainda assim, muitos grupos indígenas resistiram e mantiveram suas tradições culturais e modos de vida.

Pernambuco tem a quarta maior população indígena do Brasil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado conta com dez etnias, que vivem no Agreste e Sertão. São elas: Truká, em Cabrobó; Atikum-Umã e Pankará, ambas em Carnaubeira da Penha; Pipipã, em Floresta; Kambiwá, em Ibimirim, Inajá e Floresta; Pankararu, em Tacaratu e Petrolândia; Tuxá, em Inajá; Kapinawá, em Buíque, Tupanatinga e Ibimirim; Fulni-ô, em Águas Belas; e Xukuru, em Pesqueira.

Mapa dos povos indígenas de Pernambuco 

Fonte dos dados: IBGE

Povos indígenas do Agreste de Pernambuco

Não há uma resposta precisa para quantas comunidades indígenas existem no agreste pernambucano, uma vez que a identificação e delimitação das terras indígenas no Estado ainda estão em processo de reconhecimento e demarcação.

No entanto, sabe-se que existem etnias indígenas que habitam a região agreste de Pernambuco, como os Xukuru, Fulni-ô e Kapinawá, por exemplo. A estimativa é que haja cerca de 27 mil indígenas vivendo em Pernambuco, distribuídos em diferentes áreas e territórios.

Alguns povos indígenas mais conhecidas na região Agreste de Pernambuco atualmente são:

1. Xukuru: São considerados uma das maiores etnias indígenas do estado de Pernambuco, com uma população estimada de cerca de 10 mil pessoas. Vivem principalmente no município de Pesqueira, mas também estão presentes em outras regiões do Agreste e Sertão.

2. Fulni-ô: São uma etnia indígena que vive no município de Águas Belas, no Agreste de Pernambuco. Sua população é estimada em cerca de 2 mil pessoas.

Povos Xukuru, em Pesqueira

Povo Xukuru do Ororubá (Foto: Arnaldo Felix)

Os povos Xukuru são uma das maiores comunidades indígenas do estado de Pernambuco, com uma população estimada em cerca de 10 mil pessoas. Sua principal aldeia, a aldeia de Pesqueira, está localizada no Agreste Central de Pernambuco, mas também estão presentes em outras regiões do Agreste e Sertão.

Os Xukuru são formados por 2 etnias principais: a Xukuru Ororubá que ocupa, principalmente, a Serra do Ororubá; e a Xukuru de Cimbres, na Serra do Jucá. Até meados dos anos 90 havia a unificação dos povos. No entanto, por questões internas, houve a separação que originou as duas etnias.

Povo Xucuru de Cimbres (Foto: Thiago Germano)

“Para se manterem vivas, as culturas passam por modificações naturais. As etnias trazem consigo a mesma tradição e fazem parte do mesmo povo, mas com organização e territórios diferentes. Inclusive sendo lideradas por caciques distintos”, explicou Juliana Alves, membro Xucuru e pesquisadora da cultura indígena.

Vale ressaltar que enquanto os povos Xukuru de Ororubá vivem em Pesqueira, os povos Xukuru de Cimbres estão localizados nos territórios de Pesqueira, Alagoinha, Venturosa e Pedra.

Os Xukuru são conhecidos por sua luta por seus direitos e pela preservação de suas tradições e cultura ancestral. Em 2001, foi marcado por um importante episódio na história da comunidade, a retomada da Serra do Ororubá, que foi palco de um conflito com fazendeiros na década de 1990. Desde então, os Xukuru têm lutado pelo reconhecimento e demarcação de suas terras, assim como por melhores condições de vida e respeito à sua cultura.

Os povos Xukuru possuem uma rica cultura e tradição, incluindo a realização de rituais e festas sagradas, o artesanato em cerâmica, a produção de alimentos e o cultivo de plantas medicinais. Além disso, a língua Xukuru é uma das línguas indígenas mais faladas em Pernambuco e faz parte do tronco linguístico Macro-Jê.

Povos Fulniôs, em Águas Belas

Povo Indígena Fulniô (Foto: Mariana Florencio/Reprodução Encontroteca)

O povo indígena Fulniô é uma das etnias indígenas presentes no estado de Pernambuco, localizada na região do Agreste Meridional, mais precisamente no município de Águas Belas. Sua população é estimada em cerca de 2 mil pessoas.

Fulniô é conhecida pela sua rica cultura e tradições, incluindo a dança e música, artesanato em cerâmica, a produção de alimentos e medicamentos tradicionais, além de suas festas sagradas.

Assim como outros povos indígenas, os Fulniô enfrentam diversos desafios, como a luta pela preservação de suas terras, a garantia de seus direitos e o respeito à sua cultura. Mesmo diante desses desafios, os Fulniô têm conseguido preservar suas tradições e, cada vez mais, buscam ser reconhecidos e valorizados em sua cultura ancestral.

A língua Fulniô é uma das línguas indígenas faladas em Pernambuco e faz parte do tronco linguístico Macro-Jê. Fulniô tem trabalhado para fortalecer e valorizar sua língua e, com isso, manter viva a sua cultura e identidade.

Povo Kapinawá, em Buíque, Tupanatinga e Ibimirim

Povo Kapinawá (Foto: Renato Santana/Cimi/Reprodução Brasil de Fato)

Kapinawá é um grupo indígena pernambucano que vive entre as regiões do Agreste e Sertão. Eles fazem parte do tronco linguístico Macro-Jê e são descendentes dos antigos Tapuias, povo indígena que habitava grande parte do território brasileiro antes da chegada dos colonizadores europeus.

Historicamente, os Kapinawá foram muito afetados pela expansão das fronteiras agrícolas e da pecuária na região, o que levou à redução do tamanho de suas terras e à perda de muitos aspectos de sua cultura. Hoje, a maioria dos Kapinawá vive em uma reserva indígena localizada no município de Buíque, em Pernambuco.

A cultura Kapinawá é rica e diversa, com destaque para a música e a dança, que são parte integrante de seus rituais religiosos. Eles também têm uma tradição de artesanato em cerâmica, madeira e fibras naturais. A língua Kapinawá é falada por cerca de 900 pessoas e é considerada em perigo de extinção.

Os povos Kapinawá tem lutado pela preservação de sua cultura e pelo reconhecimento de seus direitos como povos indígenas. Eles têm trabalhado em parceria com organizações não-governamentais e outras comunidades indígenas para proteger suas terras e recursos naturais e promover a revitalização de sua cultura.


Desafios das comunidades indígenas de Pernambuco

Ao longo do século XX, os povos indígenas de Pernambuco enfrentaram diversos desafios, como a expansão da agropecuária, a construção de barragens e hidrelétricas, a exploração mineral e a construção de estradas. Esses processos resultaram na perda de suas terras, na contaminação de seus rios e na ameaça à sua sobrevivência física e cultural.

A partir da década de 1970, os povos indígenas de Pernambuco iniciaram um processo de mobilização e luta por seus direitos, organizando-se em associações e movimentos. Em 1988, a Constituição Federal reconheceu os direitos dos povos indígenas sobre suas terras e recursos naturais, garantindo-lhes o direito à consulta prévia, livre e informada em relação a projetos que possam afetá-los.

Atualmente, os povos indígenas de Pernambuco enfrentam diversos desafios, como a falta de demarcação de suas terras, a violência e a discriminação por parte de grupos poderosos, a falta de acesso a serviços básicos de saúde e educação, entre outros. Ainda assim, muitos grupos indígenas resistem e lutam por seus direitos, mantendo suas tradições e modos de vida ancestrais.

É importante destacar que a proteção dos direitos dos povos indígenas é fundamental para garantir o reconhecimento e a preservação da diversidade cultural e étnica desses grupos.

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