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Raquel Santana estreia clipes e músicas do álbum visual solo

A cantora e compositora Raquel Santana, cria de Caruaru, Agreste de Pernambuco, abre o álbum visual “Canto e Espanto o teu Quebranto”, o de estreia da carreira solo, com o lançamento de dois clipes e músicas autorais nas plataformas digitais.

Da cultura popular e com influências negra e indígena, a artista disponibiliza os audiovisuais e as canções “Quer ficar com mamãe”, trazendo a participação da recifense Bell Puã e da caruaruense Maria Carolina, mais conhecida por Caracol, como compositoras e cantoras da canção, e “Cumbiambera”.

Quer ficar com mamãe e Cumbiambera são as duas canções lançadas pela artista
Raquel Santana, também conhecida como Quequel, já celebra a realização de um dos sonhos. São mais de 17 anos como cantora e ritmista (Foto: Ythalla Maraysa)

As cenas do clipe “Quer ficar com mamãe” ocorrem no Assentamento Normandia, em Caruaru, e no Jardim do Baobá, no Recife, capital pernambucana. Já as imagens do videoclipe de “Cumbiambera” são na Casa Cultural Respira, na cidade de Caruaru.

“Quer ficar com mamãe” também tem a parceria do Dj caruaruense Nino Scratch, utilizando a técnica musical do “arranhar” como efeito de som. Toda a produção musical do disco é de Zé Barreto de Assis, de Bezerros, Agreste Central, com a mixagem e masterização de Heverton Fagner, do Studio di Fagner, em Caruaru, onde foi realizada a captação de áudio, tendo sido feitas também gravações no Cordilheira Estúdio (Recife).

Além da acessibilidade em libras para a comunidade surda, o álbum visual tem incentivo público com financiamento pelo edital estadual e municipal da Lei Paulo Gustavo (LPG), via recursos do Ministério da Cultura, Fundarpe, Secretaria de Cultura, Governo de Pernambuco, Prefeitura de Caruaru e Fundação de Cultura de Caruaru.

A canção “Quer ficar com mamãe” é um coco-rap em que Raquel Santana fala da sobrecarga materna e especialmente sobre ser mãe solo, que quer ir para o mundo encontrar e abraçar outras mulheres que também vivem essa realidade. Caracol contribui com uma rima que reforça a mensagem da canção, e em seguida, vem a poesia de Bell Puã. Escute e assista ao clipe da música:

Já na música “Cumbiambera” — composição da própria Raquel , a artista resgata para si o prazer e a sensualidade, que ficaram de lado na sua vida após a maternidade . Ela inicia a letra com o trecho: “Caminando por las calles del Agreste/La cumbiambera tiene un recuerdo/Viajando por historias de otros tiempos/Extraña amores y sus secretos”. A canção é uma cumbia, ritmo com que Raquel teve uma relação durante o período em que morou no Recife, de 2002 a 2018.

Também contribuírem em “Cumbiambera”: flor das chagas, na harmonização da música e riff de abertura; Pombo/Palloma Mendes, no projeto gráfico; Mara, responsável pela foto da capa; Brê Souza, da Salsa & Caliências, como modelo do clipe; e Thiago Gregório, professor de canto. Assista o clipe:

O instrumental das canções está nas mãos de uma diversidade de músicos e musicistas do interior pernambucano: Nino Alves (pandeiro, ilu, mineiro, congas, bumbo, agogô, guiro, pratos e maracas); flor das chagas (alfaias, violão e maracas); Fábio Santos (contrabaixo), Edson Pedro (sanfona) e Heverton Fagner (beats). Também tem a presença de muita gente nos vocais de apoio, como crianças e adultos: Erasto Kehinde, Ginga Taiwo, Melina Medeiros, José do Céu (vozes infantis); Ranuzia Melo, Naya Lopes, Vanessa Cardoso, Thaynã Lustosa, Joyce Noelly, Ythalla Maraysa e flor das chagas (vozes adultas).

O material audiovisual também reúne bastante profissionais, sendo todos e todas da região Agreste – Túlio Beat (direção); Felipe Correia (fotografia); César Caos (montagem, correção de cor e edição); Daniele Leite (fotografia adicional); Jeizon Novais (fotografia adicional e iluminação); Pombo/Palloma Mendes (projeto gráfico), Paulo Conceição (figurino e maquiagem); Katarina Machado e Joyce Noelly (direção de produção); Ythalla Maraysa/Oficina Embuá (still); Ivan Márcio (motorista); Daniel Lima (assessoria de imprensa). Eduarda Nunes está na ficha técnica como comunicação, assumindo as redes sociais.

Com a realização de Heyaná Produções e o apoio da Maniva Produções, Indicativa e Oficina Embuá, atuam no clipe de “Quer ficar com mamãe”: Bell Puã, Caracol, Gorete Gomes, Katarina Machado, Luciana Nascimento, Marília Brandão, Mariana Carvalho, Raquel Santana, Rúbia Silva e Thaynã Lustosa (performances). Além das crianças Ana Luiza, Erasto Kehinde, Geovana Sofia, Ginga Taiwo, Heitor Andrade (modelo do videoclipe e filho de Mariana Carvalho e Ícaro Limeira), Maria Clara Silva, Lara Catarina, Melina Medeiros, Odara Lustosa e Zion Brandão.

Já no videoclipe de “Cumbiambera” estão Raquel Santana e Brê Souza, da Salsa & Caliências (performances; Brê Souza também é modelo do clipe); Erasto Kehinde e Ginga Taiwo (crianças); Artur Tito, Bia do Violãozinho, Carine Siqueira, David Tomaz, Emily Beatriz, Camila Santana, Eduarda Torres, Eric Brito, Fabíola Torres, flor das chagas, Gabriela Guerra, Leandro Silva, Marcus Vinícius, Marly Cavalcante e Sandra Carin (corpos de baile).

Com as primeiras músicas abrindo os caminhos para a futura formação completa da obra musical e visual, Raquel Santana, também conhecida como Quequel, já celebra a realização de um dos sonhos. São mais de 17 anos como cantora e ritmista.

“O álbum ‘Canto e Espanto o teu Quebranto’ reúne ritmos populares. Tem afoxé, cantoria, coco, cumbia, forró, hip hop e maracatu. Para além da sonoridade, as letras denunciam o racismo, o machismo e a sobrecarga materna, como valorizam a ancestralidade, a comunidade indígena, a matriz africana, a proteção espiritual, a reforma agrária, as celebrações populares, o território caruaruense e outras paisagens do interior pernambucano”, destaca.

Ela compõe a partir de temáticas racial, social, de gênero, política, cultural e educativa e tem a arte e a música como espaços para criações artísticas coletivas e de expressão da identidade. “O ato de escrever e cantar dá força para enfrentar males como racismo, machismo, classismo, relações e pessoas tóxicas. Sou mãe solo de crianças gêmeas, uma delas com Transtorno do Espectro Autista – TEA (autismo)”, pontua.

Sobre a artista

Natural do Recife, Raquel Santana mora em Caruaru desde os dois anos de idade, onde viveu durante a infância, a adolescência e atualmente como adulta. Nessa vivência na cidade, conheceu a cultura das quadrilhas, mamulengos e bacamarteiros. Em 2002, retornou para a Capital pernambucana e a partir daí celebrou nas sambadas de coco, cavalo-marinho, maracatu rural, maracatu de baque virado e afoxés.

No ano de 2006, fundou juntamente com outras mulheres a “Casas Populares da BR 232”, banda com uma sonoridade de ritmos populares do Nordeste, Norte do Brasil e expressões musicais afro-indígenas da América Latina. Com essa banda, circulou por Pernambuco e realizou shows e oficinas na Bahia, Ceará, Paraíba e Rio de Janeiro. O grupo tem um CD lançado: “Negraíndia” (2019). Ela chegou a integrar os grupos de artistas e bandas do estado: Chris Mendes (2023), Erasto Vasconcelos (2013-2014), Ciranda de Zé Maria (2011-2012), Mestre Zé Borba (2013) e Boi da Mata (2011-2012). Participou dos CDs “Flor de Laranjeira”, de Santino Cirandeiro (2010), “Adiel Luna e Coco Camará (2010)” e “Na Caixinha”, do grupo Forró de Cana (2009).

Raquel investe na carreira solo desde 2021, estreando com o clipe e a música “Imbé da Mata”. No ano de 2023, fez o lançamento do som “Marta Vieira”. Na carreira artístico-cultural, já subiu ao palco do São João de Caruaru (2023) e ocupou espaços culturais de Caruaru como a Feira Vital e o Tejota Ateliê. O diálogo com movimentos sociais lhe rendeu também shows no Assentamento Normandia (MST) e nos dez anos da Marcha Mundial das Mulheres – Núcleo Agreste.

Territórios

Raquel sustenta a ideia de pertencimento com as origens e de reconhecimento da identidade territorial. No álbum visual, o território central é o Assentamento Normandia, em Caruaru e ocupado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). O Sítio Carneirinho, na zona rural caruaruense, também está entre os territórios, justamente para exaltar a ancestralidade originária da região do Agreste. Além do mais, a obra é composta por registros audiovisuais nas ruas do centro de Caruaru.

A brincadeira da mazurca é uma das vivências ancestrais da artista. De 2006 a 2008, atuou com o grupo “Mazurca Pé Quente do Alto do Moura”, desenvolvendo projetos como exposição fotográfica, documentário e participação na gravação e produção do CD “Mazurca Pé Quente” (2009) . Nesse período, também aprendeu toadas com mestras, mestres, mazurqueiros e mazurqueiras. Ela tanto canta como toca instrumentos percussivos. Suas referências são grupos e artistas com a musicalidade e vozes das culturas populares, como o povo indígena Fulni-ô, o Samba de Coco Raízes de Arcoverde e o grupo cubano Sexto Sentido.

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