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Primeira edição do Festival Afro-Gastronômico Ajeun movimenta Belo Jardim com arte e cultura

Nos dias 1 e 2 de agosto, o Festival Afro-Gastronômico Ajeun realiza sua primeira edição no município de Belo Jardim, no Agreste de Pernambuco. O evento propõe uma imersão nos sabores, saberes e expressões da cultura e religiosidade afro-brasileira, com uma programação gratuita, diversa e voltada à valorização da memória ancestral.

O festival reúne oficinas, apresentações artísticas, exibição de filmes e experiências sensoriais e educativas, com participação de artistas, educadores e coletivos da região. O nome Ajeun, que em iorubá significa “vamos comer!”, é um convite simbólico à partilha. Mais do que uma refeição, o festival propõe um encontro entre culturas, tradições e histórias, promovendo o resgate da ancestralidade afro-brasileira e celebrando a riqueza cultural presente no território.

Festival Ajeun é o primeiro evento afro gastronômico de Belo Jardim, Agreste de Pernambuco
Evento reúne diversas linguagens artísticas em dois dias de programação gratuita no Agreste de Pernambuco (Foto: Divulgação)

No dia 01 de agosto a programação tem início com duas oficinas. A oficina de pintura será conduzida por Venusta, artista visual e fundadora do Ateliê Venusta, em São Bento do Una (PE). Sua criação é guiada por trocas afetivas, espiritualidade e resistência, resultando em obras intensamente ligadas à cor e ao fazer intuitivo.

A segunda atividade é a oficina de bonecas Abayomi, com Rafa Lima, educadora, artista e produtora cultural, nascida na comunidade quilombola do Barro Branco, também no Agreste. Integrante do grupo Afro Dança com Elas, Rafa atua com foco na ancestralidade dos saberes do maculelê, da capoeira e no artesanato com as tradicionais bonecas Abayomi.

Após as oficinas, acontece a Sessão Bitury, com a exibição do filme “De Grão em Grão”, produzido de forma coletiva durante a 7ª edição da MARÉ – Mostra de Cinema Ambiental do Recife. O curta, mediado por Renata Claus com estudantes da Escola João Barbalho (Recife), utiliza a técnica do stop motion para abordar questões ambientais e alimentares. “Há também uma paisagem sonora que convida a um mergulho nas camadas artísticas, sociais e políticas presentes nas entrelinhas de cada frame”, comenta Aline Sou, curadora da sessão de cinema.

O segundo dia do festival será realizado no Complexo Cultural da Estação, iniciando com a roda de diálogo “Experiência Gastronômica e Contação de Histórias”, conduzida por Júnior de Oyá, babalorixá do Ilê Asé MaroKetu Oyá Mesan Orun, comunicador oral e candomblecista. “Meu compromisso é fortalecer as práticas e os saberes de terreiro como um ato político e social”, destaca Júnior.

Em seguida, acontece a apresentação do Interior Coletivo, grupo artístico de Belo Jardim voltado à pesquisa e criação em dança contemporânea e popular. Composto por Cleice Ferreira, Jacksyanne Monteiro e Mylene Ferreira, o coletivo movimenta a cena cultural da cidade com espetáculos, ações formativas e pesquisa em dança.

Encerrando a noite, será exibido o filme “Meu Lugar no Mundo”, produzido pelo coletivo Erê Sankofa, formado em 2023 no Quilombo Xambá, em Olinda. O curta-metragem ficcional foi premiado no 17º Festival de Cinema de Taquary, recebendo o prêmio de melhor trilha sonora (composição de Thúlio Xambá, Beto Xambá e integrantes do coletivo).

Um festival que se comunica também com a imagem

“Pensar na identidade visual do Ajeun foi um processo de escuta ativa. Cada elemento visual foi criado como um gesto de reverência: ao alimento que nutre e às mãos que criam. Trabalhei com formas orgânicas, inspiradas no fazer manual, que evocam a força ancestral dos saberes produzidos com as próprias mãos. Para mim, é sobre comunicar com beleza, verdade e afeto a força das nossas raízes”, comenta Soraya Feitosa, designer do festival.

O Festival Ajeun nasce como um movimento de resistência e afirmação cultural. Em um cenário marcado por desafios históricos e estigmas, o evento propõe a desconstrução de visões negativas ainda associadas à cultura afrodescendente, ao mesmo tempo em que celebra a diversidade de saberes e expressões da diáspora africana no Brasil.

“Nesta primeira edição, o Festival Afro-Gastronômico Ajeun apresenta uma programação que vai além da gastronomia, promovendo o diálogo entre artes visuais, artesanato, dança, cinema e saberes tradicionais. É uma encruzilhada entre cultura, meio ambiente e o direito à vida, compreendendo os saberes ancestrais como alimento que fortalece o corpo e o ori (espírito)”, reforça Rafael William, produtor do festival.

Serviço:

Festival Afro-Gastronômico Ajeun

01 de Agosto
Local: Escola Municipal Professora Maria Antonieta Gomes Barbosa
08h – Oficina de pintura com Venusta
10h – Sessão Bitury – Filme: De Grão em Grão
14h – Oficina: Bonecas Abayomi com Rafa Lima
16h – Sessão Bitury – Filme: De Grão em Grão

02  de Agosto
Local: Complexo Cultural da Estação
16h – Interior Coletivo, apresentação de dança
17h – Roda de diálogo ‘Experiência gastronômica e contação de histórias’ com Júnior de Oyá
18h30 – Sessão Bitury – Filme: Meu lugar no mundo, Erê Sankofa (23 minutos)
Entrada gratuita – Classificação livre

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