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Mulher na música: 11 cantoras do Agreste que você precisa conhecer

Da cultura popular ao pop. As cantoras do Agreste de Pernambuco estão por todos os estilos, movimentando a cena cultural do Estado e contribuindo com a história da música pernambucana.

Elas estão espalhadas pelo Agreste Central, Agreste Meridional e Agreste Setentrional e são capazes de fazer com que suas vozes e suas mensagens chegem em qualquer lugar do mundo.

A seguir você conhece algumas das cantoras agrestinas que mostram a força da mulher na música dentro do nosso território!

Representatividade feminina: cantoras agrestinas para conhecer e ouvir

1. Bella Kahun

Natural de Garanhuns, Agreste Meridional, Bella Kahun tem uma relação antiga com a música. De acordo com a artista, a aproximação com essa linguagem se deu de forma muito natural, pois ainda pequena acompanhava diariamente as músicas tocadas por seu pai no violão.  Hoje, além de tocar o instrumento, a cantora também compõe.

Bella Kahun, Garanhuns, Agreste Meridional (Foto: Jezz Maia)

Passeando pelo pop, mas sempre com um toque regional, Bella diz que usa a música para externar tudo o que sente. Seu último lançamento, “Esquema”, feito em parceria com Léo da Bodega, traz a profundidade das relações e a conexão entre as pessoas.

“Busco sempre junto a ela expressar amor e os demais sentimentos de uma vida. Histórias minhas e criadas. Sempre na intenção de tocar qualquer coração em seu mais íntimo estado”, revela.

Quando perguntada sobre qual projeto as pessoas deveriam acessar para conhecer o trabalho que ela desenvolve, Bella Kahun indica “Crua”, seu primeiro álbum. “Quem quer me conhecer, escuta ele. Sou eu todinha. Mas logo menos venho com outro álbum, uma nova pessoa”, finaliza.

Então, bora conhecer essa artista agrestina? Aproveita e também já segue ela no Instagram: @bellakahun.

2. Carol do Coco

Carol Lopes, também conhecida como Carol do Coco, já morou em diversas cidades de Pernambuco, como Salgueiro, Recife e Olinda. Mas foi em Surubim, Agreste Setentrional, que ela cresceu, e hoje reside e atua como entusiasta da cultura do Agreste.

“Eu sempre tive uma relação com a música de encantamento. É uma das expressões que mais está presente no meu dia a dia seja por motivação, ou por estar atenta a alguma mensagem, ou por trabalho mesmo, a música é um fio condutor da vida”, afirma Carol.

Segundo a artista, o primeiro contato com a música também começou em casa, pois seus pais sempre foram apaixonados pela linguagem. Por isso também, eles levavam Carol para as festas de rua.

Carol do Coco, Surubim, Agreste Setentrional (Foto: Cauê Santana)

A cantora e musicista também foi uma das criadoras da banda Casas Populares da BR 232 e pelo nome da artista nem é precisao dizer seu estilo musical, não é?! Mas além do coco, Carol diz ter participado também de várias brincadeiras da cultura, como mesa de samba e maracatu.

“O que eu busco expressar com as minhas músicas são as boas relações, saberes locais e harmoniosos que a música pode trazer para fortalecer esse nosso dia a dia. A música pode transformar seu dia, sua casa, sua rua, sua comunidade”, diz.

Para quem quer conhecer o trabalho de Carol do Coco, a artista recomenda o álbum visual “Coco Dendê”, lançado em 2022 através do incentivo da Lei Aldir Blanc (LAB). Para acompanhar os próximos trabalhos da artista, basta seguir o @caroldococo.

3. Gabi da Pele Preta

Gabi é filha de Caruaru, Agreste Central de Pernambuco, e até hoje mora na Capital do Forró. A artista conta que a música chegou até ela através de seus pais, que adoravam ouvir Música Popular Brasileira. Mas sua iniciação musical aconteceu por meio do contato com a igreja.

Gabi da Pele Preta, Caruaru, Agreste Central (Foto: Rafaela Amorim)

“Desde sempre, me encantava a possibilidade de denunciar injustiças e transformar realidades através da música. Desde que a música virou minha principal ferramenta de comunicação, sou firme a esse propósito”, pontua Gabi da Pele Preta.

Para conhecer o trabalho dessa artista, ela mesma indica alguns projetos que estão disponíveis no YouTube. “Vou indicar meu single “Revolução” e o “Sarau Delas”, lançados em 2021; e meu EP “Gabi da Pele Preta”, lançado em 2022″. Já quem quiser acompanhar de pertinho a vida e o trabalho dessa cantora agrestina, basta seguir  @gabidapelepreta no Instagram.

4. Isabela Moraes

Também de Caruaru, Isabela Moraes diz fazer morada onde o show a leva. “O artista sempre vai onde o público está, e esse é meu lema. Mas tenho uma casa atualmente em Caruaru, que é de onde parto para os shows e sempre volto”, conta.

Isabela Moraes, Caruaru, Agreste Central (Foto: Léo Aversa)

Sua relação com a música também iniciou dentro de casa, através das músicas que os pais ouviam e as rodas de canções e poesias ao vivo que sempre aconteciam na sala de casa.

“Eu absorvia desde criança essa atmosfera artística pela qual fui totalmente fisgada. Hoje através do que escrevo procuro fazer as pessoas felizes e mais aliviadas, assim como me sinto ao fazer a canção. E se eu conseguir passar um milésimo dessa sensação que sinto já tá valendo”, finaliza Isabela.

No Instagram, a artista usa o @isabelamoraescantora , onde compartilha suas vivências e shows. Agora, para quem quer conhecer a voz de Isabela e suas composições, a cantora indica dois álbuns, o “Estamos Vivos” (2020), primeiro disco lançado, e o mais recente lançamento, “Pano Pra Alma”. Bora ouvir esse último agora mesmo?

5. Laura Lira

Outra mulher na música é Laura Lira, natural de Arcoverde, mas que atualmente mora em Garanhuns. Ela conta que se aprofundou no universo musical depois que conheceu seu companheiro, Rafael Lobbo, que também trabalha com arte. Juntos, ela foi despertando seu interesse e se entregando ao canto.

Laura Lira, Garanhuns, Agreste Meridional (Foto: Fabricio Ori)

“Minha relação com a música é de muito afeto e carinho, tenho contato com a mesma desde muito nova e hoje sou apaixonada por acordes, melodias e a tenho como minha melhor parte, minha profissão. Com ela, tento passar um pouco dos meus pensamentos, sentimentos e posicionamento para quem me ouve. E com isso sempre exaltando a força da mulher negra e nordestina“, revela.

Atualmente, Laura Lira é a vocalista da Banda Amodú, conjunto formado pelo Rafael Lobbo e o Pericles Fabricio. Siga @oilaura_marcal no Instagram e acompanhe um pouco do trabalho dessa artista agrestina.

6. Lili Novais

De todas as nossas cantoras do Agreste, Lili Novais é a única que nasceu em um território mais distante. “Sou natural de Três Corações (MG), no entanto, só fiz nascer lá. Moro em Garanhuns desde os 3 anos de idade”, conta a artista.

Segundo Lili, a relação dela com a música é de amizade, pois estão juntas nos momentos em que mais a cantora e compositora precisa. “A música está sempre presente, mas o momento que eu a percebi, foi aos 14 anos, através da composição, onde eu comecei a fazer dos sentimentos canções. Daí eu passei a cantar, e o povo da escola achou bonito. Depois comecei a arriscar no violão e estou arriscando até hoje”, explica aos risos.

Lili Novais, Garanhuns, Agreste Meridional (Foto: Carlos Tenório)

Com músicas que revelam conflitos internos e aprendizados, Lili Novais diz que suas canções vão além de entretenimento, elas também buscam fazer com que as pessoas reflitam sobre suas ações e dia a dia.

“O que eu busco expressar? Eu busco expressar a busca. A busca por ser uma pessoa melhor, a busca por amar, a busca por viver e não apenas sobreviver, a busca de estar presente, acordada. A busca por furar a minha bolha. A busca para ser coerente”, revela.

No Instragram a cantora compartilha seus trabalhos e sua vida pessoal. Quem quiser acompanhar o dia a dia de Lili, basta seguir o @novailili. Quem quiser conhecer mais sobre a música dessa artista, ela mesma indica o Ep “Meu Canto no Mundo”. A canção “Do Jeito Mais Simples” tem até um clipe, confira:

7. Luanda Luá

Luanda Luá nasceu em Pedra, Agreste Meridional , mas há 20 anos se estabeleceu em Surubim, Agreste Setentrional. Desde muito novinha aprendeu o amor pela músíca, criando uma relação afetiva com a linguagem.  “Ela [música] entrou na minha vida desde muito cedo, meu pai canta também, e foi um dos maiores influenciadores em minha vida”, conta a artista.

Luanda Luá, Surubim, Agreste Setentrional (Foto: The Liv Gallery)

A forte influência do pai e as participações em um coral da igreja contribuíram para a artista se desenvolver na área. Hoje, além de ser sua profissão, a música também é um grito político para a cantora.

“A música me faz expressar a exploração da linguagem como uma celebração sonora, a diversidade dos corpos e a potência dos sentidos e afetos, buscando a liberdade de experimentar e sentir, mostrando que um corpo dissidente pode e deve ocupar qualquer lugar”, pontua.

A cantora agrestina convida as pessoas que queiram conhecer seu trabalho para conferir o EP “C.O.R.P.O”, lançado em 2021. Além de acompanhar outros trabalhos, trechos de shows e outras informações através do Instragram @lualualuah.

8. Maeve

Apesar de ter nascido em Jaboatão dos Guararapes, Maéve se considera o que ela chama de “artivista agrestina”, pois mora em Belo Jardim, Agreste Central, há mais de 10 anos, e foi nessa cidade que ela se formou na área e fez carreira.

Maeve, Belo Jardim, Agreste Central (Foto: Kaká Bezerra)

O amor pela linguagem surgiu quando ela ainda era criança, através da família que tem outros músicos, uma tia violinista e um tio saxofonista. “Percebi que sabia cantar aos 6 anos e desde então sabia que meu destino estava entrelaçado a arte“.

Hoje, cantora e flautista, Maéve diz que sem a música ela não é ninguém.

“Então, na minha arte eu tento mostrar a força que uma mulher preta traz consigo, as lutas que travamos contra o racismo e opressões, e passar um tantão de amor que nos foi negado… acolher quem se parece comigo através da arte”, explica.

Uma dica para quem quer conhecer o trabalho de Maéve é acompanhar suas redes sociais. No Instagram @negratinta_, a artista compartilha o dia a dia e seus trabalhos. Já no Youtube, Maéve indica o projeto idealizado por ela mesma e finandiado pela Lei Aldir Blanc, o Negra Tinta.

9. Nathália Tenório

Brejão, cidade do Agreste Meridional de Pernambuco, foi onde Nathália Tenório nasceu, se criou e ainda hoje reside.

“Minha relação com a música veio de pequena, através do meu pai que sempre gostou muito de ouvir música e de tocar alguns instrumentos, como violão, guitarra, teclado. Assim penso ter sido meu primeiro contato de fato. Mas só no início da pandemia, em Recife, onde na época tava morando, foi quando me abri pra canção e pra experimentar a tocar violão também”, conta Nathália.

Nathália Tenório, Brejão, Agreste Meridional (Foto: autoretrato)

A cantora também explica que teve uma forte influencia do seu primo, Álefe Passarin, que também trabalha com música e a ajudou nesse processo de inspiração diária.

“Eu já escrevia poesias, mas naquele tempo meu trabalho era somente com a fotografia. Com os últimos acontecimentos a canção me surgiu como uma espécie de ponte, mais uma né, assim como a fotografia pra que eu conseguisse me expressar melhor com o mundo sem me acoar tanto, como uma necessidade de partilha com o todo, me expondo e expondo meus pensamentos e sentimentos, trazendo o amor e a coletividade como um pulsar inicial”, completa.

Atualmente, além de carreira solo, Nathália também participa de alguns projetos paralelos, como a banda Abaixo de Deus a Força dos Encantados (@a.forca.dos.encantados) e com o projeto Veredas Mostra de Música autoral (@veredasmostrademusicaautoral).

A artista também faz um convite para que as pessoas acompanhem seu Instagram pessoal @nathaliaftenorio, onde é possível ver alguns registros solos e com participações especiais.

Confira a seguir o projeto da banda Abaixo de Deus a Força dos Encantados!

10. Renata Torres

Renata Torres é mais uma cantora agrestina nascida em Caruaru, onde também mora atualmente. E foi na Capital do Forró que a artista se apaixonou pela música e vive dela desde os 18 anos.

“A música chegou em minha vida muito cedo. Lembro de um tio meu que tocava violão e cantava nos encontros da família, eu tinha por volta de uns 5 anos e já ficava encantada com aquele universo”, lembra a cantora.

Renata Torres, Caruaru, Agreste Central (Foto: Letícia Tavares)

Mais tarde,  já com 10 anos, Renata Torres entra para o coral de igreja e permanece até os 18 anos, quando começa a tocar em bares de Caruaru. De lá pra cá, a artista continua firme no seu ofício.

“Eu busco sempre expressar minhas dores, minhas paixões, felicidades. Em toda canção sai um pouco de mim ou de como eu estou me sentindo. A música sempre foi meu refúgio“, revela.

Para quem quer conhecer e acompanhar o trabalho dessa cantora, ela mesma indica duas músicas que estão disponíveis no Youtube, “Tempo Guardado” e “Vídeo Chamada”.

No Instagram, @cantorarenatatorres,  também é possível conferir o trabalho de Renata, uma vez que ela está sempre cantando com outros artistas da cidade e movimentando a cena cultural de Caruaru.

11. Riáh

Riáh nasceu em Garanhuns e é descendente do povo Xukuru do Ororubá, tribo indígena de Pesqueira, Agreste Central. Segundo a artista, seu pai, avó e bisavô nasceram e se criaram na Serra do Ororubá.

“A música é meu ofício, minha alma e vida. É o que me alimenta e me faz seguir acreditando diariamente num mundo maior e melhor para todes”, afirma Riáh.

Riáh, Caruaru, Agreste Central (Foto: Claudia Dalla Nora)

O gosto pela música nasceu ainda na infância, com a escuta atenta aos vinis que seu pai colocava para tocar na radiola, sempre aos fins de semana. Nessa época, aprendeu a amar a Música Popular Brasileira e canta, até hoje, tudo o que lhe toca, como Clara Nunes, Belquior, Roberto Carlos, Maria Betânia, Luiz Gonzaga etc. Profisionalmente, a artista atua desde os 18 anos.

“A expressão que eu trouxe para meu trabalho é a retomada do meu lugar de pertencimento do meu povo Xukuru do Ororubá. ‘Retinta’ da cor mais forte vermelha, dos movimentos sociais, de vários lugares que me vi e que muitas pessoas vão se ver também. Tocar o coração de quem me escutar, levar o avanço de voltar para o lugar que me foi retirado e apagado pela história, cantar a força, verdade de cada palavra escrita pra mim é o céu! Assim quero chegar nos corações de quem me escutar”, explica.

Para conhecer o trabalho dessa artista, a mesma indica o seu mais recém disco lançado, o “Retinta”. Além de acompanhá-la nas redes sociais (@riah_cantora) para ficar por dentro de tudo o que Riáh está movimentando na cena cultural do Estado.

Quais são os desafios das mulheres que vivem de música no interior?

Para a maioria das nossas entrevistadas, é um desafio contínuo se manter trabalhando com música no interior de Pernambuco, principalmente sendo mulher e com outros recortes sociais de cada artista.

Gabi da Pele Preta faz um resgate histórico de como a mulher foi educada e como a sobrecarga afeta a vida das fazedoras de cultura do Estado.

“A ausência de uma justa divisão de tarefas e o não reconhecimento delas como trabalho, toma a rotina de grande parte das mulheres, de modo que torna o exercício do trabalho em outra área extremamente desafiador e precário. Num trabalho como a arte, ainda tão marginalizado, isso é ainda pior”, pontua a cantora.

Ainda segundo ela, o problema é sistemático e estrutural, uma vez que faltam formação, equipamentos e oportunidades para as mulheres artistas, principalmente as do interior.

Para além do território, as artistas também pontuam as dificuldades que sentem pelos recortes sociais de suas vidas. No caso de Bella Kahun, que é mãe, as dores e resistências são outras.

“Acho que o mercado não está disposto a receber mulheres como eu. Mas sim, produtos. Bem embalados e rotulados. Por sua maioria, nuas”, conta Bella.

A questão de raça é outro recorte importante de ser mencionado, uma vez que mulheres pretas tendem a ter menos oportunidades dentro da sociedade.

“Percebo que tudo se torna mais fácil para pessoas brancas, mesmo estando localizadas no mesmo lugar que eu e mesmo eu tendo um trabalho lindo e potente a ser espalhado pelo mundo”, desabafa Maéve, mulher negra e também mãe de uma menina de 10 anos.

Além desses recortes, a sexualidade também é pontuada pelas mulheres na música. Carol do Coco afirma que seu trabalho é resistência por si só, e que trabalha para dialogar ainda mais com pessoas de todas as regiões do Estado, buscando mais visibilidade para os trabalhos feitos no inteior.

“Eu sinto mais resistência por ser uma mulher lésbica e trabalhar com música tradicional de Pernambuco, mas é isso, é um gênero musical atrelado a cultura popular que vai na contramão do sistema. […] Se brincar, a gente é conhecido no Estado todo, mas falta chamar mais os artistas da terra”, pontua a Carol.

Luanda Luá também traz para discussão ser uma mulher gorda e não branca, o que para ela aumenta as dificuldades e diminui as possibilidades.

Apesar das inúmeras dificuldades, elas resistem e focam em suas carreiras, ajudando umas as outras e se fortalecendo em uma rede de apoio que envolve também outras profissionais da arte no interior.

“Por ser mulher sempre se tem ainda algumas resistências, a luta ainda é grande pelo respeito para ser ouvida, para ser visível e valorizada, mas me sinto firme e forte nessa resistência e procuro sempre ocupar meu espaço com toda ombridade. Não paro pra pensar muito nisso, foco em fazer, e assim ir conquistando o objetivo de fortalecer essa força feminina através dessas ações”, enfatiza Isabela Moraes.

E aí, gostou de conhecer essas mulheres na música que cantam e encantam com suas vozes e canções? Com certeza tem outras cantoras do Agreste que você deve conhecer, então aproveita e já deixa a sua indicação por aqui também!

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